Pequenas maravilhas - 1

Rapaz, tô andando mais que notícia ruim.

Essa história de não ter carro, de andar de só de trem e bicicleta (que ainda não compramos) é boa e ruim ao mesmo tempo.

Boa porque eu já perdi quase 3 Kg, perda que seria maior não fossem os queijos e iogurtes maravilhosos (e gordos) e a cerveja daqui, que é "coi di loco" :)

E boa também porque esquenta a gente e acaba com as pelancas da perna, ahahahha

Agora, andar tanto (para quem usava o carro pra quase tudo como eu) significa criar bolhas e calos nos pés e ficar com a panturrilha dolorida bagarai. Além disso, com o tempo excelente aqui da Chuvolanda, significa também se expor à chuva e ao vento frio constantes. E no meu caminho para o trabalho eu tenho que passar por uma espécie de "pinguela" na megalópole de 60.000 habitantes que tem obsessão por reformar as calçadas (e grana sobrando suficiente pra isso). Um caminho pequeno, mas de terra. Consequentemente, com a chuva, caminho de lama.

Mas... por que toda essa história?

Bom... hoje um amigo me perguntou se eu já tinha aprendido a andar de tamanco de madeira. Os tamanquinhos típicos daqui da Chuvolanda não são só coisa de turista como eu pensava. Eles eram usados de verdade, pra andar nas terras drenadas (e lamacentas) dos polders. Num outro post eu explico melhor como funciona essa drenagem (fundamental pra entender o país), mas o que importa é que nada funcionava tão bem pra andar naquela merda de terreno, quer dizer, nada era tão adaptado às condições locais.

E eu achei a minha versão do tamanco de madeira. É uma bota tipo 4x4, sola de borrachão, forrada de pelinho e que esquenta pra caramba, sendo "valente" pra ir pro trabalho. E o melhor (além de ter comprado na promoção, pela metade do preço); jogou a calça por cima ela parece um sapato comum. Nem dá pra notar que a pessoa anda com 2 jipes no pé.

(óia só o tamanho da juba do garoto... tenho que encontrar um kapsalon decente urgentemente)

Posso dizer que minha vida de pedestre aqui se resume em antes e depois dessas botas. Antes eu insistia em ir de sapatinho bonitinho, sola de couro, arrumadinho, e via os caras da firrrrma usando uns semi-tratores nos pés e achava esquisito. Agora eu sou um deles, hahaha.

Bem que nossos amigos expatriados falavam que às vezes você encontra umas alegrias aparentemente imbecis no contexto "casa", mas que são gigantescas fora desse contexto. Impressionante.

Bom, agora é hora de dormir. Na casinha nova, que é muito mais gostoso :)

Beijones